O risco de crédito é calculado para determinar a probabilidade de uma pessoa que recebe o crédito cumprir ou deixar de cumprir um contrato. Mesmo com os devidos cuidados, vender a prazo e conceder crédito aos clientes é sempre um ato de risco para qualquer empresa. Afinal, é quase impossível ter certeza absoluta de que o valor concedido será pago. Uma série de variáveis pode afetar esse processo e levar à não conformidade por parte dos clientes. A inadimplência não segue um padrão, por isso acaba surpreendendo os empresários com esse recurso. Estas são algumas das razões pelas quais a gestão do risco de crédito é um fator muito importante com o qual as empresas precisam lidar. Quando o risco de crédito é bem administrado por meio de um modelo de gestão adequado, ele pode atender às exigências regulatórias para a concessão de crédito e aumentar a segurança do seu negócio. Neste artigo, abordamos a gestão do risco de crédito, conceituamos e explicamos porque ela é tão importante para a sua empresa.
O que significa gestão de risco e crédito?
Antes de desenvolver uma estratégia de gerenciamento de risco de crédito, é importante entender as implicações desse risco em si. Simplificando, o risco de crédito refere-se à probabilidade de um cliente entrar em inadimplência em qualquer tipo de dívida. A inadimplência existe em quase todos os tipos de transações financeiras que, de alguma forma, têm a confiança como um de seus fundamentos. A gestão do risco de crédito, por sua vez, é a forma como a empresa se antecipa ao descumprimento de contratos, às consequências para os envolvidos e às ações tomadas para mitigar os danos causados. Em outras palavras, a gestão do risco de crédito é um conjunto de práticas cujo objetivo não é apenas reduzir o risco, mas estruturar a empresa como um todo para lidar com o risco e os danos que ele pode causar.
No Brasil, para dar um exemplo mais recente e mais próximo da nossa realidade, a crise econômica reforçou a necessidade de planejar o enfrentamento da inadimplência. Quando não há crescimento, as empresas precisam buscar crédito para manter a empresa à saudável e operante. Porém, se não houver retorno, corre-se o risco de não conseguir quitar toda a dívida. A gestão da crise, já encarada como um desafio, encontrou neste caso obstáculos ainda maiores. Globalmente, a crise financeira de 2008 foi um marco importante na evolução das abordagens de gerenciamento de risco de crédito. O impacto desta crise demonstra a necessidade de uma revisão de conceitos. Como resultado, os reguladores começaram a exigir padrões de aprovação de crédito mais rígidos e maior transparência. Tudo isso é para garantir que os bancos tenham uma compreensão profunda dos clientes e seus riscos de crédito associados. Diante dessa situação, foi necessária a atualização do Acordo de Basileia em 2010, que recebeu o nome de Basileia III. O acordo contém uma série de propostas de reforma regulatória bancária. De acordo com o documento, a carga regulatória dos bancos tornou-se mais rígida. Portanto, isso também afeta todas as empresas envolvidas no negócio de crédito, seja industrial ou comercial. Para se adaptar a esta nova realidade e incorrer em um maior custo de capital de crédito, as empresas precisam reformular sua abordagem de risco. Portanto, as organizações precisam desenvolver estratégias específicas para o gerenciamento do risco de crédito.
Como funciona a gestão de crédito nas empresas
Para entender como funciona a gestão de crédito, é preciso saber que ele passa por uma série de práticas.
Começando com uma análise de crédito, ela se baseia em levantar dados que comprovem a situação financeira positiva do tomador de contratos da sua empresa. A seguir, as empresas seguirão uma série de ações para se resguardar em relação ao crédito, cada uma seguindo os seus objetivos. A finalidade desse processo é colocar em prática estratégias focadas em dois fatores principais: a diminuição da inadimplência e a proteção de risco de crédito. E isso acontece por meio de ações que focam no futuro, analisando cenários e tentando prever o risco. Assim, a empresa consegue tomar melhores decisões ao conceder crédito e condições mais favoráveis de pagamento para os clientes certos, sem correr perigo.
Como implementar gestão de crédito na sua empresa:
Para colocar em prática a gestão de risco e avaliar corretamente as concessões de crédito, é preciso identificar os impactos que podem ser causados ao negócio.
A fim de esclarecer a prática de como implementar a gestão de crédito, veja algumas dicas do que é necessário fazer.
1. Traçar os cenários financeiros
Mesmo com uma boa gestão de crédito, você precisa ter planos para o que fazer diante de inadimplência ou dificuldades em aprovar crédito dos clientes. O financeiro da empresa deve estar sempre bem preparado, e com a gestão de crédito não seria diferente.
2. Crie uma política de crédito e trace o perfil dos clientes
A gestão de risco de crédito passará pela avaliação do perfil e histórico financeiro do seu cliente. Além de consultar sua situação financeira, seu histórico de compras e pagamentos, bem como a reputação no mercado. A partir daí, é possível identificar padrões entre clientes que oferecem riscos e colocá-los em uma categoria à parte na hora de fechar algum contrato.
3. Defina regras e limites de crédito
Regras específicas e limites de crédito são úteis para minimizar o risco no futuro e reduzir ao mínimo as perdas. A consideração adequada da pontuação de crédito de um cliente é crucial para determinar seu teto de crédito. Qualquer classificação de crédito mais alta não será acomodada se o cliente pretendido puder lidar com o valor do pagamento solicitado. Criar um limite de crédito requer determinar o dano menos danoso que sua empresa pode suportar. Considere o dano e crie um limite de crédito com base no valor padrão.
4. Automatize os processos
Automatização é a palavra de ordem para qualquer empresa que busca processos mais ágeis e eficientes. Na gestão de crédito, existem ferramentas que conseguem consultar, analisar e compilar todos os dados necessários para avaliar corretamente o risco de cada negócio.
Como aplicar a tecnologia nas finanças da empresa
Assim como em todas as áreas de um negócio, o financeiro também pode se beneficiar das ferramentas digitais e da tecnologia de forma geral. No caso da gestão de crédito, a tecnologia ajuda a superar grandes obstáculos dessa prática. A primeira dessas dificuldades é o gerenciamento e o armazenamento dos dados utilizados na gestão de crédito. Nesse caso, estamos falando de dados sensíveis sobre os clientes, por isso, todo cuidado com esse gerenciamento é pouco. Esse papéis da tecnologia na gestão de crédito são possíveis por meio de ferramentas voltadas para tal função. Softwares e ferramentas digitais são o canal ideal para quem busca impulsionar e tornar mais eficaz a gestão de risco de crédito no seu negócio. Além disso, a tecnologia ajuda ao resolver pendências de várias formas. Alguns exemplos da sua atuação são:
- ferramentas digitais facilitam o acesso a diversos bancos de dados, de forma rápida e fácil;
- existem ferramentas e empresas que garantem consultas em fontes de dados de crédito públicas, como a Receita Federal;
- a tecnologia de armazenamento em nuvem permite que todos os dados coletados continuem armazenados conforme a sua necessidade e com segurança garantida.
Além de tudo isso, é por meio da tecnologia que as empresas conseguem garantir a maior agilidade e dados realmente assertivos para a gestão de crédito. Sem soluções de tecnologia, não seria possível, por exemplo, consolidar dados de mais de 17 mil fontes públicas de informações diferentes, tornando as análises mais confiáveis e precisas.
Uma equipe capacitada certamente é um elemento essencial para a adequada gestão de risco de crédito. Portanto, investir em especializações é uma excelente prática, seja por parte da empresa, seja por parte dos próprios profissionais que desejam atuar e crescer nessa área.